domingo, 15 de maio de 2011

Voto conciente

Votar bem é fundamental para resolver os problemas do dia a dia. Uma das coisas que se tem a fazer é usar com consciência e responsabilidade o direito básico de qualquer cidadão num regime democrático – o de votar. Mas não votar em qualquer um

Você vai levar seu filho a um posto de saúde e não encontra médicos. Vai marcar uma consulta ou exame e descobre que será atendido no ano que vem. Também não há vaga no colégio. Assal­­taram a sua casa e você nem se dá ao trabalho de registrar queixa na polícia, pois sabe que o incômodo não resultará em nada. Recorre à Justiça para reclamar um direito e não enxerga no horizonte o prazo em que obterá a decisão. Os buracos da estrada pela qual você é obrigado a passar com frequência continuam lá, há anos, danificando seu carro e pondo em risco a sua vida.

Seria interminável a lista de omissões e maus serviços prestados pelo Estado aos cidadãos. Inconformado com essa situação, você faz as contas do quanto paga de impostos e constata, revoltado, que o salário de cinco dos 12 meses de duro trabalho no ano vai para o caixa dos governos. E o que recebe como “recompensa”, além de maus serviços públicos, são notícias nada positivas dando conta de casos cabeludos de corrupção, de desvio de verbas, de desperdício, empreguismo, nepotismo... E vê também que as pessoas em que você votou na eleição passada, dando-lhes o poder de representá-lo e de agir em seu nome, estão enroladas em maracutaias de todo gênero.

Por isso tudo, com muita convicção, você decreta: “Não gosto de política nem dos políticos”. E passa a se desinteressar por qualquer tema que possa lembrá-lo de política e de políticos. O que você não pensa, porém, é que todas as justas queixas e reclamações que você coleciona contra os serviços públicos que usa no seu cotidiano dependem exatamente da política e dos políticos. E que, portanto, uma das coisas que você pode fazer é arregaçar as mangas e participar ativamente da vida política, o que inclui votar. Mas não votar em qualquer um como sempre se fez, e sim nos melhores.

Encontra-se na filosofia de Aristóteles o fundamento mais antigo sobre a política. Por meio dela é que passamos a compreender o conceito de política – a ciência que tem por objeto a construção da felicidade humana, individual e coletiva. Diz ele: “Vemos que toda cidade é uma espécie de comunidade, e toda comunidade se forma com vistas a algum bem, pois todas as ações de todos os homens são praticadas com vistas ao que lhes parece um bem”, para concluir que é por intermédio da atividade política que tal anseio pode ser concretizado.

Elevada a este grau de nobreza, a política é, pois, algo de que não podemos nos apartar. Pelo contrário, é algo com que devemos contribuir para que ela se realize com qualidade.

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